Sem motivos não pergunta pra ninguém,
Vem de mansinho querendo ficar,
Que se abrirmos a porta ela pode entrar,
Mesmo não sendo por nós convidada,
Se aproxima como quem não quer nada.
Nos pega em momentos que estamos sozinhos,
Como algum errante que não sabe seu caminho,
Ou que fugindo da vida não encontrou seu abrigo,
Ela sorrateira, vem querendo que sejamos amigos,
Como uma presa fácil podemos até gostar e ceder,
E pouco a pouco começa a entrar e nos vencer.
O perigo em tudo isso é achar que é normal,
Não acordar pra vida e se acostumar achando natural,
Se entregar por completo, e trancar-se com ela no escuro,
Separar-se das pessoas e começar a construir um muro,
Até perceber que não tem mais como pular e fugir,
Pra mandá-la embora, voltar pra vida e novamente sorrir.
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